terça-feira, 26 de maio de 2015

FAXINEIRA E MORANDO NA PERIFERIA DA CIDADE

                 
 O nome dela é Marta, 29 anos, separada, instrução até a 8ª série do ensino fundamental.

     Ela sai de casa às 6h da manhã e trabalha como faxineira em uma concessionária.

 Recebe no final do mês um salário mínimo; mora na periferia da cidade em uma casa de posse, que tem quarto, sala, cozinha e banheiro.

        O pai das crianças não pode ajudar. Tem outra família e está desempregado.

 Marta tem dois filhos: um de quatro anos e outro de 5 anos, que ficam com a avó materna, quando a faxineira  vai trabalhar na concessionária.

À noite, a faxineira chega a casa e prepara o jantar. Quando não têm carne, comem ovos estrelados. Às vezes, um ovo frito é cortado ao meio. Metade para cada filho.  

 Seu sonho é ter uma máquina de lavar roupas. Mas ainda não chegou o momento. Pretende juntar dinheiro para adquiri-la.

Ela luta sem reclamar.
Ela sobrevive a todas as dificuldades.
Dá uma demonstração de poder diante dos  problemas que podem surgir no dia a dia.

 Seus filhos não passam fome. Quando diminui a comida ela faz serão ou faz limpeza na casa de uma senhora. Entra algum dinheirinho, que sempre auxilia.

Sua mãe ajuda no que for possível... Outro dia comprou um frango que estava em promoção. Foi uma festa: comeram com coca-cola.

Hoje é sábado. Marta entrou no mercado e comprou um litro de leite, um quilo de carne de segunda, um quilo de arroz, um quilo de feijão e um tablete de  margarina.
 Sobrou alguns  trocados e ela adquiriu um xampu. Ficou muito contente. Isto é luxo para quem ganha salário mínimo.

 Mais um dia de vitória.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

MULTIDÃO NAS RUAS



Saio de casa e vou  à rua.
Olho para os lados e observo o agito da multidão.
Menores de cinco, seis, sete, oito anos vagam pelas ruas sem os responsáveis.

Mendigos pedem esmolas.
Crianças uniformizadas caminham apressadamente para chegarem aos colégios.

Os bares estão cheios.
Pessoas açodadamente pedem salgadinhos, sucos refrigerantes, refrescos...

Adolescentes distribuem fôlderes quase que obrigando as pessoas a aceitá-los.
Outros adolescentes, esquálidos, e balbuciando frases ininteligíveis vagam pelas ruas.
É o poder das drogas sobre eles.

Observo lojas de roupa, bares, lanchonetes, padarias, quartéis, museus, estúdios fotográficos, correios, colégios...

Tudo nos seus devidos lugares.

Sem muito esforço, percebo os contrastes sociais: pessoas paupérrimas ao lado de um BMW, e famintos passando nas calçadas de restaurantes de luxo.

Tudo nos seus devidos lugares.

Um rapaz vende batatas fritas.
A multidão faz fila, na ânsia de degustar a deliciosa iguaria.

Mendigos espreitam os bares e fustigam os fregueses, na esperança de lhes pagarem um alimento qualquer.

Pessoas entram nas lojas e fazem suas compras sob o olhar perspicaz dos seguranças.
Olho para mim mesmo e noto que sou também mais uma peça nesse imenso complexo.
Prossigo o meu caminho...
     

sexta-feira, 1 de maio de 2015

VULTOS

 

Madrugada. Baixo Méier. Abro a janela e vejo vultos que perambulam pelas ruas.

Maltrapilhos, sujos, imundos, e muitos exalando um bodum que fica zunindo no ar, eles caminham açodadamente em busca de lixos de restaurante.

Disputam, junto com os pombos, os restos de comida que encontram. Bebem o pouco do refrigerante que restou nas latinhas.

Caminham para o nada. Alguns dão sinais de alucinação: murmuram palavras ao vento, ou dizem frases ininteligíveis.

Vagam sem se incomodarem com o fartum que exala de seus corpos, com aspecto de miséria e pobreza que apresentam e com o constrangimento que causam àqueles que os veem.

Arrastam seus trapos velhos. Catam pontas de cigarro. Fumam.

Pedem açodadamente dinheiro, alegando que é para saciar a fome. Fome não de comida, mas de crack, a droga da morte... E, assim, eles ficam o dia inteiro...

Sem amparo, sem orientação e sem tratamento eles perambulam. O pensamento está na droga – o crack.

Na hora de dormir, procuram papelões para improvisar suas camas.
O que nem sempre conseguem, pois há aqueles que dormem com o corpo em contato com as calçadas frias e sujas, por falta de uma folha de jornal para servir de colchão.

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