Madrugada. Baixo Méier. Abro a janela e vejo vultos que perambulam pelas ruas.
Maltrapilhos, sujos, imundos, e muitos exalando um bodum que fica zunindo no ar, eles caminham açodadamente em busca de lixos de restaurante.
Disputam, junto com os pombos, os restos de comida que encontram. Bebem o pouco do refrigerante que restou nas latinhas.
Caminham para o nada. Alguns dão sinais de alucinação: murmuram palavras ao vento, ou dizem frases ininteligíveis.
Vagam sem se incomodarem com o fartum que exala de seus corpos, com aspecto de miséria e pobreza que apresentam e com o constrangimento que causam àqueles que os veem.
Arrastam seus trapos velhos. Catam pontas de cigarro. Fumam.
Pedem açodadamente dinheiro, alegando que é para saciar a fome. Fome não de comida, mas de crack, a droga da morte... E, assim, eles ficam o dia inteiro...
Sem amparo, sem orientação e sem tratamento eles perambulam. O pensamento está na droga – o crack.
Na hora de dormir, procuram papelões para improvisar suas camas.
O que nem sempre conseguem, pois há aqueles que dormem com o corpo em contato com as calçadas frias e sujas, por falta de uma folha de jornal para servir de colchão.
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